segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Noite de Natal: uma laranja amarga e doce

Lá fora estava frio e uma extraordinária lua cheia de Natal! Ao longo do dia, muita tristeza passara já no meu coração: mais um ano difícil com o meu filho doente, um grande cansaço que agora me vem acompanhando demasiado, os sete anos de trabalho a vir que não sei como serão, a dúvida que me assalta cada vez mais de não conseguir manter o ânimo e a alegria de viver que têm sido tanto parte de mim...

Mas a nossa ceia de Natal foi muito feliz. Reuni os meus sobrinhos, o que me dá sempre muito gosto, duas das minhas irmãs, dois dos meus cunhados, o pai do meu filho, o meu filho, a namoradinha dele e a sua tia avó. Catorze pessoas, três gerações em torno de um comboio de três mesas, onde estreei as toalhas de linho fino que o meu bisavô me ofereceu quando eu nasci, há 60 anos, portanto! Eu sento-me sempre à cabeceira da mesa, reservo alguns lugares «especiais» e este ano ofereci a outra cabeceira, à minha sobrinha mais nova, a benjamina desta geração, agora com 20 anos.

Como em outros anos, comprei a maior parte da comida já confecionada, mas ainda assim respeitei a tradicional dieta natalícia: bacalhau e lombo de borrego assados com batatas no forno (tradição da Beira), acompanhados de muitos grelos e couves salteados. Para os mais jovens e os vegetarianos uma empada de carne, o arroz da tia Vera, as migas de broa, os cogumelos estufados e os ovos mexidos. 

No meu discurso inaugural, agradeci muito a presença de todos, este ano acrescentada com a da nossa tia avó e a da Filipinha. Três salvas de palmas depois, passámos à comida, às conversas misturadas e interrompidas, aos sorrisos e gargalhadas, à mousse de chocolate, à salada de frutas, às fatias douradas, à troca de alguns presentes, a mais sorrisos e abraços...

Quando me fui deitar, estava exausta mas em paz. A ternura que me foi oferecida arredou de mim a tristeza e embalou o meu sono.


Fonte: Nasa

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