quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Férias: um mistério a resolver

Uma vez mais este ano não terei férias. Férias verdadeiras, dessas que são planeadas com alegria e encantamento, para conhecer o mundo, para desligarmos do quotidiano e recarregarmos energias.

Na verdade, depois de adulta nunca tive esse tipo de férias. Bom, uma semana, dez dias, com amigas... pelo menos duas ou três vezes: Guadalajara-Toledo-Madrid, Nova York, Marraquesh... De resto, férias foram para mim sempre organizar várias semanas na praia ou no campo, com crianças ou adolescentes, o pai do meu filho, às vezes um par de amigos. Cozinhar muito para todos, lavar muita loiça, manter as casa mais ou menos em ordem. E, nos intervalos, 
dar uns mergulhos no mar ou no rio, ler sempre que possível.


Nos últimos dois anos, não saí de Lisboa. Fiquei em casa, tentando descansar e organizar-me, o que consegui minimamente. Este ano será igual, com a desvantagem de apenas o poder fazer durante uma semana. Todos os meus dias de férias deste ano, e já bastantes do próximo, foram gastos a acompanhar o meu filho e a tentar simultaneamente recobrar algumas energias sugadas pela doença e pela crise económica e social em que vivemos.


Porque o mais grave problema que hoje vivemos no meu país é não apenas o desemprego brutal associado à grande perda do poder de compra, mas também, sobretudo, a indefinição das políticas sociais, económicas, culturais. Esta indefinição assenta na inexistência de visão política de médio-longo prazo sobre o futuro de Portugal e, por conseguinte, na ausência de metas, de objetivos, de metodologias de trabalho, de incapacidade de planeamento. De um imenso desperdício dos recursos humanos existentes. Não é por acaso que somos um dos povos mais deprimidos da Europa, com mais altas taxas de consumo de benzodiazepinas, de ansiolíticos, de antidepressivos.


Não estou a lamentar-me. Antes da crise eu também não sabia ter férias e é verdade que é possível fazer férias com pouco dinheiro. APRENDER A TER FÉRIAS é umas minhas mais importantes tarefas para 2016. Como o é reconstruir um quotidiano compensador e harmonioso. No meu caso, tenho de aprender a autocentrar-me, a a ser egoísta e depois fluir nesse estado de espírito. Por agora estou apenas focada numa alimentação mais saudável e no yoga. Para a semana, espero terminar o destralhe da casa a que já dei inicio, com o reforço de inspiração da jovem Marie Kondo.


As férias-férias ficam para o ano. Entretanto espero conseguir treinar num ou noutro fim de semana prolongado. Será que estou a pedir de mais ao meu futuro?





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