domingo, 24 de novembro de 2013

Sobre minimalistas e minimalismo


Ao longo das últimas semanas procurei conhecer um pouco melhor a comunidade de minimalistas que escrevem blogues. A minha pesquisa centrou-se na América do Norte (EUA e Canadá), na Austrália, na Península Ibérica (Portugal e Espanha), para além do Brasil, claro. Descobri e conheci melhor minimalistas muito diferentes...

Sofisticados, como Bea Jonhson...

Foto by Green Generation.
autora do blogue Zero waste home sobre quem também já escrevi aqui:




... radicais, como a opção de vida da família Franco:


Tomé e Hugo,

ina, Tomé e Manu,

relatada por Manu em Notas sobre uma escolha de que também já aqui falei...



... assumidamente citadinos, como Francine Jay do blogue Miss Minimalist




Francine Jay
e habitantes da cidade grande, como os The minimalists ...

Joshua Fields Millburn & Ryan Nicodemus


ou adeptos incondicionais da vida selvagem, como Gregg, uma pessoa aqui do meu lado:

Small footprint, more sustainable living.
Gregg Koep enjoying the wild...

ou uma quase conciliação de ambos, como Sue St. Jean, uma inglesa mestre jardineira (Master Gardener), um curso muito prestigiado no Reino Unido, e agora em Rhode Island, USA, defensora da agricultura urbana, 

Sue
e autora do blogue Less noise, more green, título retirado de uma citação de JRR Tolkien's em The Hobbit:  «... long ago in the quiet of the world, when there was less noise and more green...»

Less Noise, More Green...
 
... grandes viajantes, como os meus queridos Lud e Leo de quem também já falei antes

...aqui, em Halong bay, no Vietname...
... um casal, duas malas, três anos de licença de trabalho.

 ... técnicos superiores altamente qualificados, como a juíza de trabalho, Ziula Sbroglio, que já aqui referi também... 
Ziula, a pessoa que me convenceu a aprofundar o minimalismo...
e autora do blogue Hora de mudar.


 ... jovens estudantes, como o espanhol Gorka...


...autor do blogue homónimo, Gorka Pittarch...


....jovens trabalhadores como a brasileira Bruna, autora do blogue Uma vida mais simples:

Bruna e Marcelo...


e ... mais velhos como Rhonda Hetzel, ex-jornalista técnica australiana, que decidiu reformar-se mais cedo de modo a poder viver uma vida melhor:


Rhonda, autora de um blogue extraordinário,
Down to earth.

Muitos destes minimalistas editaram já com sucesso, versões em livro dos seus blogues e são frequentemente chamados para diversas conferências e debates. Escusado será dizer que aprendi muitíssimo.

Não sei até que ponto o Minimalismo poderá ser considerado um movimento global. Pode não passar de uma moda, mas gostaria de pensar que é uma tendência que veio para ficar.

A Wikipédia em língua inglesa refere genericamente, na entrada Minimalism, os movimentos artísticos homónimos: das artes visuais (design, conceção do espaço, arquitetura), da música e da literatura. Renvia-nos, contudo, no final, para uma conjunto de entradas, na sua maioria sobre conexões e desenvolvimentos artísticos deste movimento, onde surpreendentemente são referidas duas entradas tão díspares como capsule wardrobe e simple living. Relativamente desenvolvida, a entrada simple living é definida como um conjunto de diferentes práticas voluntárias, com uma dimensão política e económica, destinadas a simplificar o estilo de vida de uma pessoa.

Por sua vez, esta entrada que, como as anteriores, carece de creditação, remete-nos, para cerca de outras 30 entradas: (anti) consumismo, car-free movement, frugalidade, independência financeira, slow life, ócio, obsolescência programada, over-comsuption, produção orgânica, slow living, small houses movement, entre outras, como o complexo conceito taoista de (wei) Wu wei (ação sem ação)... Alguns autores defendem também relações entre simple living e os movimentos New age e Gaia.

Toda esta indefinição se explica pelo facto de, na linguagem humana, as palavras nascerem com a vida vivida e, só depois de «instaladas» na consciência coletiva, entrarem para o dicionário, o qual por definição é sempre conservador. Não podemos pois saber ao certo, hoje, o que é o Minimalismo, nem qual a sua dimensão.

É uma opção de vida, sim. Implica uma tomada de atitude consciente e proativa, dado ter de se afirmar contra a corrente dominante. Abrange uma grande diversidade de pessoas, dispersas pelo mundo considerado desenvolvido e não se pode dizer que tenha nem porta-vozes, nem teóricos reconhecidos enquanto tal. Em comum, os minimalistas têm a defesa de um consumo consciente e da preservação de alguns dos valores fundamentais da nossa espécie, nomeadamente o cuidado com o planeta Terra no seu todo: a natureza e os outros seres, sejam eles seres humanos, seres sencientes, seres vivos e mesmo sem vida, como as pedras e a terra.

No interior desta opção de vida encontramos sempre uma recusa inequívoca dos excessos que a sociedade de consumo nos impõe: futilidade, superficialidade, tralha material, física, emocional, psicológica; bem como a recusa do deslumbramento com a gratificação instantânea que ilude o esvaziamento progressivo do que significa estarmos vivos aqui e agora. E acredito que também convoca, mais do que a solidariedade, a fraternidade franciscana entre todos os habitantes da Terra e todos os elementos: irmão Sol, irmã Lua, irmão Vento, irmão Fogo, irmã Água, mãe Terra...

Será que estou a sonhar acordada (Am i daydreaming)?