sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Dia 12: A vida concebida enquanto projetos sucessivos

Penso que vivemos melhor se planearmos as diferentes fases da vida como  projectos sucessivos a médio prazo, de 3 a 5 anos. Ou seja, se não definirmos o que queremos e se não estabelecermos objectivos, metas e prazos, vamos vivendo sem que a nossa vida seja aproveitada ao máximo. Falo por mim e pela maioria das pessoas que conheço.

Em boa verdade, se refletirmos sobre o nosso passado, facilmente podemos detetar diversas etapas-chave das nossas vidas: a infância, a adolescência, a entrada no mundo do trabalho, o casamento, os filhos, a maturidade plena... Contudo, a generalidade de nós, eu incluída, não as planeou pelo menos enquanto projeto de vida a alcançar conscientemente, com prazos e níveis determinados  de exigência: o meu objetivo inicial de trabalho até aos 30 anos é..., o meu projeto de família até... é..., o que pretendo do meu casamento daqui a cinco anos é...,  o que eu desejo para os meus filhos durante a sua adolescência é... Não lutámos pois por objetivos com datas estabelecidas e patamares de maior qualidade como metas a alcançar. As diferentes etapas da vida aconteceram-nos, sem que delas tenhamos tido o maior grau de consciência possível, o que implica que as não tenhamos provavelmente vivido e fruído tão bem quanto se o tivéssemos feito.

Conhecermo-nos e ao mundo em que vivemos.

Contudo, quando iniciamos um modo de vida consciente e procuramos analisarmo-nos com alguma distância a nós próprios no mundo em que vivemos, ultrapassamos um ponto de não retorno, a partir do qual a vida nunca mais poderá vir a ser como antes era. Deo gratias!

Para mim, inicia-se agora inequivocamente uma nova etapa de vida, que é neste momento o meu grande projeto pessoal, da qual «O ano sem compras» é apenas uma primeira fase. Dele também fazem parte o apoio à progressiva independência do meu filho, a qual por sua vez se relaciona diretamente com a minha própria independência. O que pretendo eu ter atingido, consolidado e dado como adquirido daqui a cinco anos? Uma vida ativa e criativa, frugal e baseada no desenvolvimento do melhor de mim e dos que me rodeiam. Sim. E mais?


Fases da vida.

Em termos profissionais, também iniciei uma fase de viragem: passei a trabalhar mais informalmente e a interligar o meu trabalho formal com o informal. Tal permite-me a manter-me atualizada e a contribuir com mais eficácia e eficiência para aumentar o nível da minha profissão e, já agora, ajudar o meu país a ultrapassar a crise em que vivemos. Mas, para daqui a cinco anos poder viver apenas do meu trabalho independente, vou ter de estudar com afinco  uma estratégia de carreira.

Conceber um projeto de vida.

É curioso pensarmos como nós, os do mundo desenvolvido, tão cultos, tão capacitados com tantas séculos de teorias filosóficas e com tantas ferramentas tecnológicas ao nosso dispor, podemos viver um vida inteira, a única que temos, como crianças imaturas. Mesmo os sadhu, os monges  talvez mais pobres do mundo, perseguem conciente e obstinadamente um projeto de vida que se desenvolve em distintas etapas: a sua vida é dedicada em exclusivo à libertação (mokska), o quarto e último estádio da vida (ásrama), através da meditação e da contemplação de brahman, a essência, cuja natureza apenas pode ser compreendida através do autoconhecimento (atma jnana). 


Sadhu indiano.



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