sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Dia 11: Protegermo-nos de perturbações emocionais

A crise em que Portugal mergulhou desde 2008, mas acentuadamente no último ano, é agora visível de muitas formas. Para além dos grandes males resultantes do desemprego galopante e dos violentos cortes salariais, estamos mergulhados num compreensível, mas desmesurado desânimo e a maioria das pessoas está em depressão ou demasiado irascível. Foi assim que percebi que tinha de passar a trazer sempre comigo a sacola do mundo consciente. 
Que existe mesmo... e que ainda por cima é linda!

Para além de mais consciente do mundo à minha volta, obriguei-me a ser cada dia mais auto-consciente. Aprendi então, sobretudo nos últimos meses, que acionar a hiperconsciência de nós e do mundo à nossa volta, constitui uma oportunidade extraordinária para mudar os nossos comportamentos e para treinar a nossa capacidade de lidar com as emoções nocivas.

A região do cérebro responsável pela autoconsciência localiza-se atrás dos olhos.
 
Confesso que, no meu caso concreto, sempre fui aliás demasiado sensível a tudo o que é negativo. E demasiado reativa também. Alguns colegas de trabalho consideram-me profissionalmente muito competente, mas também um pouco agressiva! Sempre tentei ser verdadeira e sei que ao longo da vida tenho sido muito pouco transigente, a começar sempre por mim, com a desistência e a inépcia. Sei que este é um dos traços da minha personalidade e vai-me ser muito difícil agora, aos 56 anos, começar a ser, digamos, mais conciliadora e permissiva... perante o facilitismo e a incompetência.

Como tudo na vida, esta minha faceta mais dura tem também o seu reverso. Sei bem que, em contrapartida, sou uma das pessoas que conheço (e fazem-me tanta falta outras como eu!) mais entusiasta com a vida, com os bons projetos de vida e de trabalho. Ganho entusiasmo redobrado com o entusiamo dos outros e consigo facilmente entusiasmar aqueles com quem lido. Nestas situações e em diálogo, mais ainda em situações de brainstorming em grupo, torno-me numa pessoa extremamente motivada e criativa. E, desde que acredite num projeto ou me comprometa com ele, sou  totalmente determinada e (con)fiável.

Seja como for, há uns meses atrás, numa altura em que me encontrava fragilizada porque o meu filho estava bastante doente, ao tentar resolver superiormente uma situação profissional errada, fui confrontada com uma resposta de um superior, de tal modo negativa e violenta que excedeu tudo o que jamais eu esperaria assistir.

Explosão emocional.

Depois de refletir em profundidade sobre o que acontecera, decidi que este momento fora, para mim, o ponto de viragem na minha atitude profissional. A partir de agora, no contexto em que trabalho: não tencionoccontinuar a travar este combate pelo que sei que deveria ser feito e não é. Tudo o mais que me deixarem fazer e propor faço, como sempre, o melhor que posso e sei. Optei também por desenvolver, em paralelo, um trabalho de investigação profissional, o qual divulgo entre os colegas da minha área. 

Em troca, decidi dedicar as minhas energias ao meu eu interior e praticar o silêncio e o distanciamento face a energias negativas.

Os sons do silêncio, 2011

A Ziula escreveu já diversas vezes no seu blogue Hora de mudar que o exemplo conta muito mais do que todos os conselhos. Também por isso, considero que agora o meu principal trabalho é treinar-me em ouvir tranquilamente e em não comentar nada. Se me for solicitada alguma opinião, começo por sorrir ou então abano a cabeça num sinal dúbio, que tanto pode significar que concordo como que não concordo. Se tiver de falar, procuro mostrar a melhor faceta de tudo o que acontece... E, se for obrigada a pronunciar-me, digo que tenho de pensar sobre o assunto.

Deste modo, treino a não-reação a este ambiente de nervosismo e de instabilidade que nos rodeia. Sempre que me sobressalto, procuro aquietar o meu coração, do mesmo modo que tento já não saltar da cadeira como um boneco de molas todas as vez que presencio uma injustiça ou uma incompetência. Como estou hiperconsciente deste facto, reúno todas as forças para não me deixar contagiar pela perturbação emocional que nos rodeia e que funciona como um contaminação virulenta. Tendo esta hipótese de me exercitar no trabalho, alargo a aprendizagem desta minha nova forma de estar à esfera da vida pessoal.

E que tranquilo é passear nestes dias no jardim do Campo Grande, perto do meu trabalho...

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